segunda-feira, 28 de julho de 2014

HISTORIA DO MOVIMENTO PENTECOSTAL N.1

      



              PENTECOSTALISMO ATRAVEZ DOS SECULOS




        Síntese pentecostal da Igreja Cristã durante os séculos (1)

Por ocasião do centenário das Assembleias de Deus no Brasil, a Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) publicou, neste 2º trimestre, uma revista comemorativa, tal qual fez em 2006 por ocasião dos 100 anos do Movimento Pentecostal. Por esta razão, é oportuno relembrarmos as origens deste movimento que deu origem as Assembleias de Deus, denominação que, embora fragmentada, é ainda um baluarte para a nação brasileira. Dividido em 4 partes, contaremos sobre a perpectiva histórica deste movimento, seu vertiginoso crescimento pelo mundo, seus principais ministros etc. A história do Movimento Pentecostal é uma riqueza que nós precisamos conhecer. Vale lembrar que o texto é do renomado pastor e teólogo assembleiano Antônio Gilberto, por isso, merece nosso respeito e credibilidade.  Segue-se a 1ª parte:

No início do século XX Deus irrompeu uma vez mais na história com um reavivamento sem precedentes trazendo a Igreja de volta à experiência pentecostal. Convém assinalar que esta explosão espiritual surge depois da divinização do humanismo, do materialismo e do racionalismo em que se profetizou o fim da religião e da fé qualquer que ela fosse, que se decretou a “morte de Deus”, se fizeram os ataques mais violentos à Bíblia e à Igreja cristã, se tentou desacreditar o sobrenatural e o miraculoso e em que o liberalismo teológico negou a inspiração da Bíblia como Palavra de Deus e da pessoa de Jesus Cristo como único Senhor e Salvador.

Mas importa também reparar que este despertamento acontece antes de a modernidade ser substituída pela pós-modernidade, a razão ser substituída pelo coração, e a racionalidade ser substituída pela subjetividade.
No meu entender, há uma nítida antecipação de Deus em relação a uma geração exausta, desiludida e frustrada pelas ilusões que lhe foram trazidas pela ciência e pela tecnologia, pela filosofia da morte de Deus, pelos regimes políticos do super-homem nazista ou do comunismo ateu e que há de ser uma vez mais enganada pelas emoções, pelos sentimentos e pelo hedonismo.

O movimento pentecostal surge assim antes do estertor do racionalismo e do aparecimento de uma corrente espiritualista corporizada pelo movimento Nova Era em que quem manda é o coração e o sentimento sob a batuta tantas vezes da superstição e do oculto. “Segue o que sentes” é o lema. Deus conduz a Igreja a uma experiência em que a tradição, a razão e o coração são contemplados em linha com a revelação bíblica. A experiência pentecostal vem na linha da verdadeira e genuína tradição da igreja de Jesus Cristo, ilumina a razão com a inerrante, universal, imutável e eterna Palavra de Deus e enche o coração do homem de uma presença divina transbordante.

A Igreja que estivera e continuaria a estar sob o fogo cruzado do inimigo haveria de ser revestida do fogo do alto e nutrida por Deus para com um novo impulso dar cumprimento à grande comissão conforme Jesus a enunciara no Evangelho de Marcos: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizados será salvo; quem, porém, não crer será condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados.”(Marcos 16.15-18).
Tudo isto nos recorda que como Cristo referiu apenas o Espírito Santo nos foi concedido para convencer o homem da sua condição e levá-lo a um genuíno arrependimento, a experimentar o novo nascimento e a viver em santidade de vida: “Convém-vos que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo; do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.” (João 16.7-11).

O mesmo já havia acontecido com o movimento da Reforma protestante erguendo o fundamento das Escrituras, da fé e da graça, e provocando um corte com as trevas da pré-modernidade na autoridade da tradição e antecipando-se à nova ditadura do racionalismo que haveria de surgir com o iluminismo e com a chamada era das luzes.

É interessante o movimento pentecostal acabaria igualmente por se antecipar em termos sociais ao movimento encabeçado por Martin Luther King que contribuiria decisivamente para pôr um ponto final na segregação e discriminação racial nos Estados Unidos. A explosão pentecostal tem num negro William Seymour um dos seus principais vasos, o que levou os detratores a escrever que a Azusa Street Mission era uma “vergonhosa mistura de raças...” e Frank Bartleman por seu turno haveria de observar em outros termos: “A ‘linha da cor’ foi removida pelo sangue’”.
 

Faço alusão a estas realidades porque hoje importa uma vez mais mantermos acesa a chama da consciência da soberania de Deus. Ele nunca é apanhado de surpresa e sempre concede à Igreja de cada tempo os recursos necessários para dar resposta aos questionamentos de cada geração.
Qualquer que seja a surpresa que Deus nos reserve ela estará sempre na linha da Sua revelação e do Seu Espírito, proclamando Jesus Cristo como único Senhor e Salvador.



Síntese pentecostal da Igreja Cristã durante os séculos (2)


 1ª parte deste estudo aqui.
PERSPECTIVA HISTÓRICA

 Ao longo de toda a História, desde o dia de Pentecostes que marca de forma indelével o nascimento da Igreja em Jerusalém até aos dias de hoje, sempre o batismo no Espírito Santo foi uma experiência à disposição de todo o crente, embora nem sempre tivesse assumido a dimensão que lhe conhecemos nos primórdios da igreja e do início do século XX. Servimo-nos aqui de um interessante estudo publicado pelo periódico “Mensageiro da Paz” de Janeiro a Junho deste ano.

No brilhante prefácio de "O testemunho dos séculos", o missionário sueco Samuel Nyström ressalta que um dos motivos pelos quais há poucos registros históricos de manifestação dos dons espirituais antes do século XIX é que os historiadores, cessacionistas em sua totalidade, omitiram de suas obras manifestações como profecias e línguas estranhas, que quando eventualmente citadas eram apresentadas, manifestações como profecias e línguas estranhas, que quando eventualmente citadas eram apresentadas, nas palavras de Nyström, como“excentricidades passageiras, coisas inconvenientes até para serem descritas”.

Outro fator é que os casos de glossolalia (como o fenômeno das línguas estranhas é descrito tecnicamente) foram realmente muito raros depois do terceiro século até ao período da Reforma Protestante, já que o advento da Igreja Católica Romana, com os seus dogmas heréticos que afetaram até o conceito de salvação, acabou jogando a cristandade em uma profunda era de trevas espirituais. Some-se a isso a má vontade dos historiadores e temos esta escassez de registros. A glossolalia só voltou a ganhar registros significativos quando retomou com força total nos séculos XIX e XX.

Este trabalho faz alusão a seis referências à experiência pentecostal até ao século III.
Um deles é citado por Emílio Conde em O testemunho dos séculos. Conde menciona uma história narrada pelo reverendo Frederic William Farrar (1831-1903), historiador e deão da Catedral de Canterbury, na Inglaterra. Em suas pesquisas sobre a Igreja Primitiva, Farrar registra a visita às escondidas de um príncipe britânico da Corte Romana a uma reunião cristã. Segundo a narrativa, em dado momento da reunião, “línguas estranhas” foram ouvidas. “As palavras que pronunciavam eram elevadas, solenes e cheias de significação misteriosa. Não falavam a sua própria língua, mas parecia que falavam toda a qualidade de idiomas, embora não se pudesse dizer se hebraico, grego, latim ou persa. Isso se deu com uns e outros, segundo o impulso poderoso quer operava na ocasião”, transcreve Farrar, que em seguida declara:”O príncipe os ouvira falar em línguas. Ele fora testemunha ocular do fenómeno pentecostal que o paganismo não conhecia”.

Esse era um culto da Igreja Primitiva do primeiro século. É só a partir do século III que a freqüência dos dons espirituais não é mais a mesma.
O outro relato refere-se a um movimento espiritual no segundo século liderado por Montano que haveria de descarrilar para a heresia por falta de sólido fundamento bíblico:
O movimento surgiu na Frigia, Ásia Menor romana (Turquia), em meados do segundo século, e visava o despertamento espiritual da Igreja. É que algumas comunidades cristãs estavam esfriando espiritualmente, inclusive olvidando os dons espirituais, tão comuns no primeiro século. O adepto mais famoso do montanismo, como ficou conhecido o movimento, foiTertuliano, um dos Pais da Igreja.

Montano não tinha cargos eclesiásticos. Ele e três mulheres ricas, Priscila, Quintila e Maximila, percorriam as cidades pregando a necessidade de viver uma vida de santidade para estar pronto para a Vinda de Cristo. Havia línguas estranhas, revelação e profecias. As três mulheres profetizavam. Nas profecias, Deus falava por meio delas na primeira pessoa: “Eu, o Senhor...”.

Um outro registro vem-nos pela pena do anticristão Celso, citado pelos Pais da Igreja:
Celso, um filósofo pagão que odiava os cristãos, menciona em um dos seus discursos do segundo século (176 DC) que os seguidores de Cristo falavam línguas estranhas. O discurso de Celso é citado literalmente nas obras "Contra Heresias e Comentário de João", de Orígenes (254 DC).

Orígenes cita-o para comprovar que no segundo século os cristãos falavam em línguas estranhas. Ou seja, já na época de Orígenes, línguas estranhas não eram tão comuns. Em seu discurso, Celso afirma que os cristãos são “estranhos” e “fanáticos”, e que em suas reuniões“falam palavras ininteligíveis para as quais uma pessoa racional não consegue encontrar significado”. Ele diz que são línguas “muito obscuras”.

 

 

PERSPECTIVA HISTÓRICA III


ALÉM DE TERTULIANO E ORÍGENES, APENAS MAIS DOIS PAIS DA IGREJA CITAM O FALAR EM LÍNGUAS ESTRANHAS: 
IRINEU E AGOSTINHO. IRINEU ERA DISCÍPULO DE POLICARPO, QUE POR SUA VEZ FOI DISCÍPULO DO APÓSTOLO JOÃO. ELE FOI BISPO EM LYON, NA FRANÇA. A IGREJA DE IRINEU ERA UMA DAS POUCAS COMUNIDADES CRISTÃS DA ÉPOCA EM QUE OS DONS ESPIRITUAIS AINDA ESTAVAM EM PLENA ATIVIDADE. EM SEUS ESCRITOS DO INÍCIO DO TERCEIRO SÉCULO, IRINEU AFIRMA: ”TEMOS EM NOSSAS IGREJAS IRMÃOS QUE POSSUEM DONS PROFÉTICOS E, PELO ESPÍRITO SANTO, FALAM TODA A CLASSE DE IDIOMAS”.
VEIO, ENTÃO, O QUARTO SÉCULO, O ADVENTO DO CATOLICISMO ROMANO, SEUS DOGMAS ESPÚRIOS E O CONSEQÜENTE ENGESSAMENTO DA IGREJA. MESMO ASSIM, HÁ REGISTROS DE QUE, NO QUARTO SÉCULO,
PACÓMIO, O FUNDADOR DO PRIMEIRO MOSTEIRO, FALAVA EM GREGO E LATIM SEM NUNCA TER ESTUDADO ESSAS LÍNGUAS. PACÓMIO NUNCA EXPLICOU O CASO E TODOS COMEÇARAM A ATRIBUIR ESSAS SUAS HABILIDADES AO ESPÍRITO SANTO. E, FINALMENTE, AGOSTINHO, BISPO DE HIPONA, ESCREVE NO MESMO PERÍODO: ”FAREMOS O QUE OS APÓSTOLOS FIZERAM QUANDO IMPUSERAM AS MÃOS SOBRE OS SAMARITANOS, PEDINDO QUE O ESPÍRITO SANTO CAÍSSE SOBRE ELES: ESPERAMOS QUE OS CONVERTIDOS FALEM NOVAS LÍNGUAS”.

AGOSTINHO TINHA A EXPECTATIVA DE QUE O QUE ERA COMUM ATÉ AO TERCEIRO SÉCULO CONTINUARIA A ACONTECER NO QUARTO. PORÉM, QUANDO ESCREVE CIDADE DE DEUS ANOS DEPOIS, JÁ NO QUINTO SÉCULO, NO OCASO DO SEU MINISTÉRIO, ELE TRANSPARECE NÃO ACREDITAR MAIS NA CONTEMPORANEIDADE DE TODOS OS DONS ESPIRITUAIS.
ASSIM, DEPOIS DO QUARTO SÉCULO, PRATICAMENTE NÃO SE HOUVE MAIS FALAR DE LÍNGUAS ESTRANHAS E DE MANIFESTAÇÃO DE DONS ESPIRITUAIS. ELAS SÓ VOLTAM À TONA DA REFORMA PROTESTANTE EM DIANTE. EXISTIRAM CASOS ENTRE OS SÉCULOS V E XV, POIS O ESPÍRITO SANTO NUNCA DEIXOU DE ATUAL PLENAMENTE NA HISTÓRIA, MAS FORAM POUCOS OS QUE FICARAM REGISTRADOS PARA A POSTERIDADE.

SÓ NO SÉCULO XII SURGEM NOVAMENTE REFERÊNCIAS CONCRETAS A LÍNGUAS ESTRANHAS NOS REGISTROS HISTÓRICOS:
NO SÉCULO XII, PEDRO VALDO, RICO COMERCIANTE FRANCÊS DO DELFINADO (LESTE DE FRANÇA), RESOLVE DAR TODOS OS SEUS BENS AOS POBRES E REÚNE OS FIÉIS DISPOSTOS A LUTAR COM ELE CONTRA O LUXO E A OPULÊNCIA DO CLERO ROMANISTA. NASCEM, ASSIM, OS VALDENSES, CARACTERIZADOS PELO DESEJO DE UM “EVANGELISMO PURO”

POR SÓ RECONHECEREM “A AUTORIDADE DOS EVANGELHOS”, OS VALDENSES FORAM EXCOMUNGADOS EM 1182. PERSEGUIDOS POR ROMA, ESPALHARAM-SE NA REGIÃO DE LYON, DEPOIS NA PROVENÇA E ATÉ AO NORTE DE ITÁLIA E À REGIÃO DA CATALUNHA.
SEGUNDO REGISTROS HISTÓRICOS, “OS PRIMEIROS VALDENSES FALAVAM LÍNGUAS DESCONHECIDAS”. ESSES REGISTROS SÃO RESSALTADOS PELO JORNALISTA NORTE-AMERICANO JOHN SHERRILL, EM UMA PESQUISA QUE FEZ SOBRE O MOVIMENTO PENTECOSTAL ANTES DE ACEITAR O PENTECOSTALISMO, E QUE FOI PUBLICADA POSTERIORMENTE SOB O TÍTULO “THEY SPEAK IN OTHER TONGUES”.



Síntese pentecostal da Igreja Cristã durante os séculos (4)

Nos séculos seguintes, há referências a manifestações espirituais entre algigenses e outros grupos, mas nada muito decreto no que concerne a línguas estranhas. O pré-reformadorGirolama Savonarola, do século XV, por exemplo, era usado em profecia e tinha visões, mas não há referência à glossolália em seu ministério. De qualquer forma, isso mostra que os dons espirituais ainda estavam sendo usados, mesmo que não em sua plenitude, como nos primeiros séculos da Igreja. Afinal, se a principal doutrina, a da Salvação, ainda precisava ser resgatada, o que dizer das demais?

Por isso, só após a Reforma Protestante os registros aumentam. Há casos entre os anabatistase, segundo o historiador alemão T. L. Souer, em sua obra “História da Igreja Cristã”, no volume 3, página 406, o próprio Martinho Lutero falava em línguas estranhas: “Dr. Martin Lutero profetizava, evangelizava, falava em línguas e interpretava revestido de todos os dons do Espírito Santo”. Essa é a única referência histórica à glossolália na vida do célebre reformador, e escrita por um antigo e respeitável historiador alemão do século XIX.
No século XVII, entre os Quacres, há registro de línguas estranhas. W. C. Braaithwait, no seu relato sobre as primeiras reuniões dos Quacres, escreveu: “Esperando no Senhor, recebemos com freqüência o derramamento do Espírito sobre nós e falamos em novas línguas”.

No mesmo período, há glossolália entre os pietistas. O Movimento Pietista nasceu na Alemanha, em 1666. Em seu livro “The Pilgrim Church”, na página 468, o historiador Edmund Hamer Broadbeent (1861-1954) cita registros de línguas em cultos pietistas nos séculos XVII e XVIII: “Um estranho êxtase espiritual vinha sobre alguns ou sobre todos, e começavam a falar em línguas. De quando em quando essas manifestações se repetiam. A muitos deles, estas coisas pareciam mostrar que, agora, eram um só coração e uma só alma no Senhor”.

No século XIX, há um boom de registros de glossolália. Em 1830, na Escócia, uma jovem de Fernicarry, chamada Mary Campbell, planejava tornar-se missionária. Ela começou a orar por isso e, em uma certa noite daquele ano, quando orava junto com outros amigos, Campbell sentiu poderosamente a presença divina e começou a falar em um idioma que não conhecia. No começo, pensou que se tratava de uma língua que a ajudaria na obra missionária, mas nunca pôde identificar que idioma era aquele.

Na mesma época, em Inglaterra, um destacado ministro londrino, o reverendo Edward Irving(1792-1834), pastor presbiteriano, recebeu o batismo no Espírito Santo. Ele e a sua congregação foram excluídos da denominação. Havia línguas e profecias nos cultos.

Foi em Julho de 1822 que Irving, então com 30 anos, foi convidado a pastorear uma pequena congregação da Igreja da Escócia em Londres, a Caledonian Chapel. No início do ano seguinte, as multidões que se reuniam para ouvi-lo eram tão grandes que um novo templo precisou ser construído: a majestosa catedral de Regent Square. Em 1827, quando o novo templo foi inaugurado, cerca de mil pessoas freqüentavam os cultos regularmente, fazendo dela a maior igreja da capital inglesa.

A fama de Irving se devia ao fato de ser um pregador eloqüente. Um historiador diz que“nenhum ídolo e nenhum pecado escapavam do açoite profético de suas denúncias abrasadoras”. Mesmo assim, “a alta sociedade londrina concorria para ouvi-lo, inclusive distintas personalidades do mundo político e intelectual, como Canning, Lord Liverpool, Bentham e Coleridge. Embora os seus sermões se estendessem em média por duas horas, era preciso reservar lugares com dias de antecedência”.

A partir de 1825, Irving começou a reunir-se com amigos na casa do banqueiro Henry Drummond, em Albury Park, para estudar escatologia e “buscar o Senhor, pedindo um derrame do Espírito Santo”. Então, em 1830, surgiram ocorrências de glossolália e profecias na Escócia. Um ano depois, no final de 1831, surgiram também línguas e profecias nos cultos de Regent Square, a igreja pastoreada por Irving, que recusou-se a proibi-las. Semanas depois, Irving foi afastado do pastoreado de Regent Square. Mais de 600 pessoas o acompanharam. Após a morte de Irving aos 42 anos, devido à tuberculose, esse grupo fundou a Igreja Apostólica de Londres, que aos poucos se diluiu.

Em 1854, falando de um avivamento em uma igreja evangélica da Nova Inglaterra, um crente chamado V. P. Simmons escreveu impressionado: ”Em 1854, o ancião F. G. Mathewson falou em línguas, enquanto o ancião Edward Burnham interpretou as mesmas”. Por essa época, os mórmons anunciaram que falavam em línguas em uma colónia de Nauvoo, Illinois. O 7º artigo da fé dos mórmons fala sobre a contemporaneidade dos dons espirituais. Porém, as ocorrências pareciam ser mais um bluff da seita, para chamar a atenção de curiosos, do que manifestações reais do Espírito Santo.

Em 1855, jornais publicam que, dentro da Rússia czarista, um pequeno grupo dissidente da Igreja Ortodoxa Grega falava línguas e profetizava. Em 1873, Ropbert Boyd escreve sobre uma campanha que o célebre evangelista Dwigght Lyman Moody fez em Sunderland, Inglaterra:“Quando cheguei às salas da Associação Cristã de Moços, encontrei a reunião em fogo. Os jovens estavam falando em línguas e profetizando. Que significaria isso? Somente que Moody pregara para eles naquela tarde”.

Nada se sabe sobre Moody ter falado línguas alguma vez. Se o fez foi de forma particular. Sabe-se, porém, que muitos dos que o seguiam falavam em línguas e ele não os criticava por isso. Moody cria em uma “segunda bênção” subseqüente à salvação e que consistia em um “revestimento do poder do Alto”, que ele e R. A. Torrey chamaram de “batismo no Espírito Santo”. A diferença é que os dois não ensinavam que línguas estranhas eram evidência externa do batismo no Espírito.

 

Síntese pentecostal da Igreja Cristã durante os séculos (5)
 MOVIMENTO PENTECOSTAL - SÉCULO XIX

Em meio ao avivamento do século XIX nos Estados Unidos que começou em 1857 e se estendeu até perto do final do século), e que teve como protagonistas principalmente Charles Finney eMoody, as ocorrências de glossolália aumentaram. Eventualmente, pessoas falavam em línguas nas campanhas de Moody e Finney. Finney cria também em uma “segunda bênção”, mas, como Moody, não a vinculava às línguas. Nesse período, surgiu também o Movimento de Santidade ou Solenes, como é conhecido em inglês, de onde surgiria o Movimento Pentecostal no início do século XX.

Nessa época, R. B. Swan, pastor em Providence, Rhode Island (EUA), escreveu: ”Em 1875, nosso Senhor começou a derramar sobre nós de seu Espírito. Minha esposa, eu e alguns irmãos começamos a proferir algumas poucas palavras em uma língua desconhecida”. Em 1879, mais outro caso: um crente chamado Jethro Walthall, do Estado de Arkansas, falou em línguas. Quando o Movimento Pentecostal se inicia, o caso de Walthall é relembrado e ele escreve:”Quando tive essa experiência, nada sabia do ensino bíblico acerca do baptismo no Espírito Santo ou do falar em línguas”. Como Walthall, muitas pessoas passaram pela mesma experiência nos séculos anteriores, em sua devoção pessoal com Deus, mas por essa doutrina estar relegada naquele período, guardaram essas experiências para si.

Outro caso ocorreu na viagem do teólogo F. B. Meyer (1847-1929) à Estônia no final do século XIX. Meyer conta que visitou congregações baptistas e viu “uma poderosa ação do Espírito Santo”. Escrevendo a crentes em Londres, ele diz: “O dom de línguas é ouvido abertamente nas reuniões, especialmente nas vilas, mas também nas cidades. (...) O pastor da Igreja Baptista disse-me que muitas vezes as línguas irrompem em suas reuniões e, quando elas são interpretadas, têm como significado:”Jesus está vindo. Jesus está perto. Esteja pronto. Não seja negligente”Quando as línguas são escutadas, incrédulos que porventura estejam na audiência ficam grandemente impressionados”.

Em 1880, na Suíça, uma crente chamada Mary Gerber declara que em momentos especiais de alegria, que descreve como “entregar o meu duro coração ao Espírito Santo”, entoa cânticos espirituais em um idioma que lhe é desconhecido. Anos depois, em visita aos Estados Unidos, Mary estava orando por uma amiga enferma quando começou a cantar e a profetizar fluentemente em inglês, para espanto dele e da sua amiga.

Um outro caso em especial ocorreu na Armênia, em 1880. Membros da Igreja Presbiteriana da vila de Kara Kala pediram a Deus um derramamento do Espírito Santo e vivenciaram um avivamento com línguas estranhas, revelações e profecias. Nesse avivamento, é profetizado um grande mover de Deus para o final do século, atingindo todo o mundo. Essa profecia cumpre-se com o advento do Movimento Pentecostal.
Todos esses casos foram apenas um prelúdio do que aconteceria em Dezembro de 1900 e que deu início ao Movimento Pentecostal.

Surgiram, no século XIX, os pregadores da “segunda bênção”. Homens de Deus como: Dwight Lyman Moody; R. A. Torrey; A. B. Simpson; Andrew Murray; A. J. Gordon; F. B. Meyer e Charles Grandison Finney que passaram a ensinar, à luz da Bíblia, que a nomenclatura bíblica “batismo no Espírito Santo” não era sinônimo de conversão, mas uma experiência subseqüente à conversão e que se caracterizava por ser um revestimento do poder do Alto para dinamizar o serviço cristão.

Moody, Simpson e principalmente Torrey enfatizavam que todo o cristão deveria buscar esse revestimento de poder. Porém, nessa época, os cristãos evangélicos ainda não entendiam que as línguas estranhas eram evidência externa do batismo no Espírito. Os pregadores da segunda bênção criam na contemporaneidade dos dons espirituais. Era comum ouvir registros de que em algumas reuniões havia línguas estranhas, profecia, cura divina, etc., mas nunca se vinculava as línguas ao batismo no Espírito.

Nesse período, grandes servos de Deus começaram a destacar-se, principalmente manifestando dons de cura. Alguns deles foram os norte-americanos: John Alexander Dowie; John Graham Lake e Maria Woodworth Etter. Lake foi curado em 1886, aos 16 anos, após oração de Dowie em seu Divine Healing Home (Lar de Cura Divina), em Chicago. Ele convertera-se em uma reunião do Exército de Salvação, mas passou a congregar na Igreja Metodista ainda adolescente.

Em 1891, John Lake casou com Jennie Stevens e dias depois descobriu que a sua esposa estava com tuberculose e uma incurável doença de coração. Durante anos ele orou por ela, até que, depois de ler Atos 10: 38, orou pela cura da sua esposa com fé na Palavra de Deus e viu o milagre acontecer. Era 28 de Abril de 1898. A partir dessa data, Lake não seria mais o mesmo.

Em 1907, sabendo do Avivamento da Rua Azusa, Lake jejuou pedindo a Deus o baptismo no Espírito com a evidência da glossolália. Ao final do jejum, recebeu a benção e iniciou o seu ministério evangelístico com manifestação da cura divina. Dirigido pelo Espírito, foi para a África do Sul. Antes de morrer, voltou aos Estados Unidos, onde continuou pregando até partir para a Eternidade em 1935. Quando isso ocorreu, as igrejas sul-africanas Missão de Fé Apostólica e Cristã Sião, ambas fundadas por ele naquele país, já contavam, juntas, com mais de 100 mil membros e 600 congregações na África do Sul.

Maria Woodworth converteu-se a Cristo em 1857, na Igreja dos Discípulos. Passou um tempo com os Quakers e depois voltou à Igreja dos Discípulos. Quando pregava em uma congregação da sua igreja, foi batizada no Espírito Santo com evidência de línguas estranhas. Como essa doutrina ainda não havia sido popularizada por Charles Parham, Etter entendera apenas que o revestimento do poder do Alto que recebera viera, nesse caso, acompanhado de línguas. Ela só foi compreender a experiência que vivenciara posteriormente sua pregação era acompanhada por visões, profecias, milagres, línguas e libertações. Quando o Avivamento de Azusa começou, Etter se juntou a ele.

Foi só com Charles Fox Parham que a doutrina do Batismo do Espírito Santo passou a ser entendida como é hoje. Foi ele quem resgatou a compreensão, bastante clara nos tempos apostólicos, de que as línguas estranhas eram evidência externa do batismo no Espírito
 

 

Síntese pentecostal da Igreja Cristã durante os séculos (6)

        MOVIMENTO PENTECOSTAL - SÉCULO XX 

Tudo ocorreu quando Parham, um professor de Teologia pertencente à Igreja metodista, resolveu abrir um seminário em Topeka, Kansas. Ele abriu a Escola Bíblica Betel, como passou a ser conhecida, em uma casa que pertencera a um tal de Stone, que fizera um trabalho mal feito ao construir o lugar. Por isso, o casarão passou a ser chamado de a “ tolice de Stone”. Era Outubro de 1900 quando ele começou as aulas para cerca de 40 estudantes. Alguns deles já haviam estudado em outros institutos bíblicos.

O que atraiu esses alunos foi o fato de a proposta de Parham consistir em promover um ano de estudos onde ele e os demais alunos estudariam sobre “como descobrir o poder que capacitará a Igreja a enfrentar o desafio do novo século”. Seria um ano de treinamento com estudo da Palavra, oração e evangelismo. Cada aluno teria um período de três horas do dia dedicadas exclusivamente à oração. Conta-se que alguns passavam a noite orando. Era também uma “escola da fé”, como se chamava, já que nenhuma taxa seria cobrada para moradia e alimentação. O objetivo da escola era, em síntese, preparar-se para a obra do Senhor e clamar a Deus por um novo avivamento para as igrejas.

Em 25 de Dezembro de 1900, depois de estudarem sobre Arrependimento, conversão, consagração, santificação, Cura Divina e Segunda Vinda de Jesus, Parham precisou viajar, mas deixou uma tarefa para seus alunos. Disse ele: “Em nossos estudos, nos deparamos com um problema. E o segundo capítulo de Atos? (...) Tendo ouvido tantas entidades religiosas reivindicarem diferentes provas para a evidência do recebimento do batismo recebido no Dia de pentecostes, quero que vocês estudem diligentemente qual é a evidência bíblica do batismo no Espírito, para que possamos apresentar ao mundo alguma coisa incontestável, que corresponda de forma absoluta com a Palavra”. Três dias depois, Parham retorna e seus alunos apresentam a seguinte resposta: a prova irrefutável em cada ocasião era que eles falavam em línguas, e mesmo nas passagens bíblicas onde as línguas não são citadas na experiência do batismo no Espírito, elas estão claramente implícitas. Parham concordou com a resposta e passou a sistematizar a doutrina.

Porém, em 1 de Janeiro de 1901, a Escola Bíblica Betel saiu da teoria para a prática. Em um período de oração, a aluna Agnes Ozman, de 18 anos, pediu para que Parham e os demais alunos impusessem as mãos sobre ela pedindo o batismo no Espírito Santo. Eram 11h daquele dia quando Ozman se tornou a primeira pessoa, depois do período apostólico, a receber o batismo no Espírito consciente de que as línguas eram a sua evidência externa. O poder sobre ela foi tamanho que passou três dias sem conseguir falar em inglês. Ozman transbordava no Espírito toda à hora, louvando a Deus em línguas em todos os momentos. Nos demais dias, todos os outros receberam o batismo, inclusive o próprio Parham, que foi um dos últimos.

 FONTE WWW.CLEISONOLIVEIRA.BLOGSPOT.COM


 HISTÓRIA DO MOVIMENTO PENTECOSTAL E ORIGEM DA 

             IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS



                                  O início do avivamento
2 O avivamento varria partes da Europa, em especial no País de Gales. Nos EUA, o mesmo avivamento ocorria em Minnesota, Carolina Norte e Texas.
3 Em 1891 Daniel Awrey falou em outras línguas em Delaware (Ohio-EUA). Sua esposa teve a mesma experiência em 1899, em Beniah (Tennessee).
4 Os registros de batismo no Espírito Santo ocorreram desde os apóstolos e percorreram por toda a História da Igreja, envolvendo homens e mulheres cristãs.
5 Em 1º janeiro de 1901, antes do Avivamento em Los Angeles, a jovem Agnes Ozman recebeu o batismo no Espírito Santo na Escola Bíblica Betel, em Topeka (Kansas, EUA).
6 Depois de estudarem a Palavra sobre o batismo no Espírito Santo e horas em oração, diversos alunos do curso de Teologia experimentaram a glossolalia (falar em outras línguas).
7 Agnes Ozman é considerada a primeira pessoa a receber a experiência. Depois vários outros alunos e o próprio professor do curso, Charles Fox Parham também foram selados.
8 Em 1905, o garçom Willian Seymour, afro-descendente e filho de ex-escravos de Louisiana, que andava à busca de melhores condições, viajou para Houston (Texas), à procura de trabalho e parentes.
9 Após converter-se passou a pregar a Palavra, tempo em que contrair varíola, doença que o deixou com o rosto desfigurado e cego de um olho.
10 Seymour ‘frequentava’ as aulas de Parham, sobre ensino do batismo do Espírito Santo, mas ficava do lado de fora da sala de aula, próximo à entrada, pois era afro-descendente e, portando, impedido de entrar, em função da segregação étnica, existente na época nos EUA. Seymour chega a Los Angeles
11 Em 22 de fevereiro de 1906, Willian Seymour chega a Los Angeles e passa a pregar sobre regeneração, santificação, cura pela fé e batismo no Espírito Santo.
12 Seymour e um grupo permaneceram em cultos na casa do casal Ruth-Richard Asbery na Rua Bonnie Brae, 214, em Los Angeles (foto-2)
13 Em 9 de abril de 1906, Edward Lee recebe o batismo e depois Jennie Moore, que depois casou-se com Seymour.
14 Em 12 de abril de 1906, às 4h da madrugada, o afro-descendente Willian Seymour recebe o batismo no Espírito Santo.
15 Em 19 de abril de 1906, nasce a então igreja Missão da Fé Apostólica, instalada à Rua Bonnie Brae, 214, na casa do casal Ruth-Richard. A liturgia era composta de leitura bíblica, cânticos e muita oração, praticamente o dia todo.
16 A casa na Rua Bonnie Brae – hoje transformada em um museu, com muitas peças da época (foto) – fica pequena e a igreja aluga um templo abandonado, onde antes abrigava uma igreja tradicional e que fora transformado em um estábulo, à Rua Azusa, 312 (Rua Azusa, abaixo), também em Los Angeles. Depois de muito trabalho para limpar o local, os cultos passaram a ser realizados lá. Alguns utensílios que restaram do local, como caixotes, foram usados como peças de apoio para o culto. Começa a corrida para Los Angeles
17 A ação do Espírito Santo atrai cristãos do mundo todo. Eles seguem para Los Angeles em busca da nova experiência. A atuação do Espírito, conforme Atos 2.1-8: “E cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar; E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu. E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando? Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?”, se espalha pelo mundo.
Gunnar Vingren
18 Gunnar Vingren nascera a 8 de agosto de 1897, na cidade de Ostra Husby, Suécia. Foi jardineiro como seu pai até os 19 anos.
19 De lar cristão, aos 18 anos, Vingren ocupa o lugar de seu pai na Escola Dominical, quando o Senhor fala-lhe claramente que seria missionário.
20 No ano de 1903, Gunnar Vingren, membro da Igreja Batista, viaja para os Estados Unidos e começa a estudar no Seminário Teológico Batista em Chicago.
21 Em 1909, Gunnar Vingren estava cheio de vontade de buscar o batismo no Espírito Santo. Passou a pregar sobre o assunto em sua igreja, mas teve rejeição.
22 Gunnar Vingren muda-se então para South Bend, Indiana. A igreja torna-se pentecostal com 20 batizados no Espírito Santo já no primeiro verão.
Daniel Berg
23 Daniel Högberg, conhecido como Daniel Berg, nasceu a 19 de abril de 1884, em Vargon, Suécia, filho de Fredrika-Gustav Verner Högberg, membros da Igreja Batista.
24 Aos 17 anos, no dia 5 de março de 1902, Daniel Berg de lar genuinamente cristão, muda-se para os Estados Unidos em busca de melhores condições, pois a Suécia passava por crise econômica. Anos após ele volta à Suécia.
25 Em 1909, quando viajou para a Suécia Daniel Berg ouve sobre o batismo no Espírito Santo e quando volta para os EUA, ainda no caminho, recebe o revestimento de poder, outorgado pelo Espírito Santo, por meio do batismo espiritual.
26 Atraído pelo Avivamento de Chicago, o jovem Gunnar Vingren creu e foi batizado no Espírito Santo.
Os dois jovens se encontram
27 Em pleno ano de 1909, em conferência de igrejas batistas em Chicago, os jovens Gunnar e Daniel Berg, também batistas, se conhecem.
28 Daniel Berg e Gunnar Vingren chamados pelo Senhor têm como indicação do Espírito Santo, por meio de um terceiro, o nome ‘Pará’. Sem saber o que propriamente indicava, eles procuram informações sobre a indicação e descobrem que se trata do Estado brasileiro ao norte do país. De Nova Iorque eles conseguem a oferta de US$ 90 e rumam ao Brasil.
29 No ano seguinte, em 1910, no dia 5 de novembro, Daniel Berg e Vingren partem de Nova Iorque no Navio Clement. Durante a viagem na terceira classe, eles falam de Jesus aos passageiros e tripulação; distribuem folhetos e ganham um tripulante para Jesus.
30 No dia 19 de novembro de 1910, Daniel Berg e Gunnar Vingren chegam a Belém, capital do Pará. Estavam totalmente sem bens, quase sem dinheiro, sem conhecerem a língua portuguesa e sem amigos.
31 Nessa época, Belém tinha 250 mil habitantes e uma economia em alta por causa dos reflexos da riqueza do Ciclo da Borracha (cf Judson Canto). Mas a prosperidade dura mais dois anos somente.
32 Em 1910, quando chegaram Gunnar Vingren tinha 23 anos e Daniel Berg, 26. Os dois jovens obreiros solteiros sentam na praça local e oram ao Senhor.
33 Até então Daniel Berg e Gunnar Vingren estavam ligados à Igreja Batista. Eles descobriram um nome conhecido em propaganda em um jornal de Belém. Era o pastor metodista Justus Nelson. Fizeram contato e o pastor acompanhou-os à igreja batista local.
34 Apresentados ao responsável pela igreja, Raimundo Nobre, os missionários passaram a congregar e a morar nas dependências do templo, no porão.
35 Enquanto Gunnar Vingren estudava a língua portuguesa, Daniel Berg trabalhava como caldeireiro e fundidor na Companhia Port of Pará, profissão que aprendera quando trabalhou nos EUA.
36 No dia 8 de junho de 1911, à 1h da madrugada, à Rua Siqueira Mendes, 67, a irmã Celina de Albuquerque recebeu o batismo no Espírito Santo. Foi a primeira cristã brasileira, membro da Igreja Batista, a receber a Promessa gloriosa do Senhor.
37 Amanhece e irmã Maria Nazaré vai à casa de José Batista de Carvalho, à Avenida São Jerônimo, 224, falar do batismo de Celina Albuquerque. 38-41 Os primeiros batismos no Espírito Santo, conforme registros na própria agenda de Gunnar Vingren foram os seguintes:
1) Dia 8 de junho de 1911: Celina Albuquerque, à 1h da madrugada;
2) às 22h do mesmo dia, a irmã Maria Nazaré, também fora batizada;
3) No dia 18, às 16h, Ana Silva;
4) dia 1 de novembro, às 10h, foi a vez de Sâncrita Oliveira;
5) irmão Mitoso, recebe o batismo no dia 26 de janeiro de 1912, às 10h;
6) irmã Clothilde recebe a Promessa no dia 19 de março de 1912, às 19h;
7) Manoel Dubu é batizado no dia 13 de abril do mesmo anos, 4h da madrugada;
8) Benvinda Oliveira recebe o revestimento de poder no dia 17 de abril de 1912, às 15h;
9) às 11h do dia 23 de abril de 1912, foi a vez de Emélia Dubu;
10) Guinóca recebe o batismo no Espírito Santo, um ano depois de Celine Albuquerque, justamente no dia 5 de junho 1912, às 22h.
Separados pela ação do Espírito
42 Dia 10 de junho de 1911, a ação do Espírito Santo já era realidade na Igreja Batista, mas a rejeição iniciara e irmã Celina, que trabalhava na igreja como professora de Escola Dominical, não mais teve oportunidade.
43 No dia 12 de junho de 1911, o dirigente Raimundo Nobre, que ainda estudava para tornar-se evangelista, convocou reunião extraordinária da igreja.
44 Mesmo com minoria, Raimundo Nobre propôs a exclusão da maioria, os adeptos da Boa-Nova do Espírito. Neste mesmo dia, com ousadia, o irmão português e abastado, Manoel Rodrigues, de forma ousada leu Atos 2.39.
45-47 Mas a exclusão fora aprovada pelo pequeno grupo de batistas, que se transformaria hoje em uma das maiores denominações cristãs no mundo, caso aceitassem a atualidade dos dons espirituais. Naquele dia, tiveram de sair os irmãos:
1) Celina e seu marido Henrique de Albuquerque; Maria Nazaré; José Plácido da Costa, sua esposa Piedade Prazeres da Costa; Manoel Maria Rodrigues e esposa Gerusa Rodrigues; Emília Dias Rodrigues; Manoel Dias Rodrigues; João Domingues; Joaquim Silva; Benvinda Silva, Teresa Silva de Jesus e Isabel Silva; José Batista de Carvalho e esposa Maria José de Carvalho; 17) Antônio Mendes Garcia. 48 Dez dias depois, o pequeno grupo convidou os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren para implantarem a denominação pentecostal.
18 de junho de 1911
49 Foi então que no dia 18 DE JUNHO DE 1911, à Rua Siqueira Mendes, 67, na cidade de Belém, deu-se início ao Movimento Apostólico da Fé, com 17 pessoas, que 7 anos depois, mudaria o nome para Igreja Evangélica Assembleia de Deus.
50 Cheios do poder do Espírito Santo todos tinham como base de pregação a Salvação, a Cura Divina, o batismo no Espírito Santo e a Volta de Jesus.
51 Após receberam muitas críticas, o jornal A Folha do Norte, que também criticou a igreja, publicou a seguinte declaração de um repórter: “Nunca vi uma reunião tão cheia de fé, fervor, sinceridade e alegria entre os crentes”.
52 Gunnar Vingren tornou-se o pastor da igreja, enquanto Daniel Berg atuava como colportor a vender Bíblias importadas dos Estados Unidos, pois no Brasil não havia Bíblias em português. Ele aproveitava as visitas de casa em casa e testificava das Boas-Novas do Senhor Jesus.
53 Os dois obreiros, Daniel Berg e Gunnar Vingren, além de jovens, eram solteiros.
54 Berg rumou para Bragança, interior do Pará, na rota ferroviária Belém-Bragança, por onde enfrentava os dois maiores inimigos da obra do Senhor: 1) o analfabetismo e 2) o catolicismo romano.
55 Os padres, como autoridades reconhecidas por toda parte, muitas vezes, decidiam o que deveria ser feito na cidade e então impunham a perseguição com truculência e sem piedade. Eles também advertiam os moradores quanto à pregação de Daniel Berg e impunham temor quanto à leitura bíblica, pois a Igreja Católica Romana proibia seu manuseio e leitura.
56 Em pouco tempo, vinte igrejas se formaram entre Belém e Bragança. Berg ia de porta em porta, falando de Jesus e orando pelos enfermos.
57 Em dezembro de 1913, Gunnar Vingrem recebe a seguinte profecia, anotada em uma de suas agendas: “Meu filho, te humilha. Tu tens de passar grandes provações. O meu sangue tem poder para te guardar…”.
58 Após incidentes enfrentados em pequenos barcos, os pioneiros compram um grande barco, movido a velas, com ajuda financeira da igreja em Belém – o Barco Boas-Novas.
59 Dentre os sinais da manifestação divina, uma família se converte em pleno velório. Daniel Berg lê a Palavra sobre a ressurreição e pai e filhos, ao lado do corpo da mãe, se convertem e, depois, tornam-se anunciadores do Evangelho de Cristo.
Novos rumos
60 Em 1914, um grupo composto por crentes brancos, ligado à então Igreja de Deus em Cristo, forma a Assembleia de Deus, enquanto aquela passou a ter o domínio total de afro-descendentes, em função da saída dos brancos.
61 No ano de 1914, a mensagem do Evangelho chega ao Ceará por meio da cearense e pioneira Maria de Nazaré, a segunda pessoa a ser batizada no Espírito Santo.
62 No dia 25 de outubro de 1914, chegam ao Brasil outros missionários suecos: o casal Adina-Otto Nelson.
63 Em 1914, Gunnar Vingren e Otto Nelson levam a mensagem ao Estado de Alagoas e no mesmo ano, Manoel Francisco Dubu anuncia o Evangelho no Estado da Paraíba.
64 Em 1915, Cordolino Teixeira Bastos leva o Evangelho da Salvação em Cristo para Roraima e, um ano depois, Adriano Nobre leva a Palavra a Pernambuco.
65 Em 1917, o Evangelho chega ao Amazonas, por meio de Severino Moreno de Araujo e, no ano seguinte, Adriano Nobre prega a Palavra no Rio Grande do Norte.
66 Nos anos seguintes, o Evangelho é anunciado nos seguintes Estados:
- Maranhão em 1921, por Clímaco Bueno Aza;
- Espírito Santo em 1922, por Galdino Sobrinho e sua mulher;
- Rondônia em 1922, pelo missionário Paul John Aenis;
- Rio de Janeiro em1923, por crentes provenientes do Pará;
- São Paulo em 1923, por meio de crentes do Pernambuco;
- Rio Grande do Sul em 1934, pelo missionário Gustav Nordlund;
- Bahia em 1926, através de Joaquina de Souza Carvalho;
- Piauí em 1927, por Raimundo Pereira de Almeida;
- Minas Gerais em 1927, por Clímaco Bueno;
- Sergipe em 1927, por meio de Sargento Armínio;
- Paraná em 1928, por Bruno Skolimowisk;
- Santa Catarina em 1931, André Bernardino da Silva leva a Palavra;
- Acre em 1932, por meio de Manoel Pirabas;
- Goiás em 1936, por Antônio Moreira e outros crentes;
- Mato Grosso em 1944, pregado por Eduardo Pablo Joerck;
- Mato Grosso do Sul em 1944, por Juvenal R. de Andrade (época um único Estado);
- Distrito Federal em 1956, por obreiros de Mudureira.
71 Nos primeiros 4 anos, a igreja em Belém do Pará contava com 384 pessoas batizadas nas águas (membros) e 276 batizadas no Espírito Santo.
72 Após 5 anos no Brasil, Gunnar Vingren resolve ir à Suécia testificar das maravilhas ocorridas no Brasil, quando conhece a enfermeira Frida Strandberg (Frida Vingren). Logo depois, viajem para o Brasil e se casam no Pará.
73 No ano de 1915 chegam ao Brasil os missionários suecos Lina-Samuel Nyström. Ele foi um respeitado ensinador da Palavra e formou dupla com o homem de reconhecida liderança Nels Nelson. Além de grande estatura, os dois passaram a estabelecer a doutrina da Igreja entre os assembleianos. Nyström era contrário à mulher ocupar o púlpito para ensinar, quando então, entrou em choque com o pioneiro Gunnar Vingren, pois sua esposa Frida, pregava, escrevia textos nos jornais, ensinava nas escolas bíblicas e dirigia cultos na ausência do marido, embora não detivesse nenhum título ministerial. No Rio, por exemplo, quando Vingren viajava, ela dirigia os cultos, auxiliada pelo então evangelista, saudoso pastor Paulo Leivas Macalão, fundador do Ministério Madureira, com matriz em Madureira (daí o nome), no Grande Rio. Hoje o ministério e a citada igreja são liderados pelo pastor Abner Ferreira.
74 Em 1917 fora fundado o primeiro jornal pentecostal A Voz da Verdade, que circulou por apenas 3 meses. Deu lugar ao Boa Semente, com circulação iniciada a partir de janeiro de 1919. Igreja recebe o nome de Assembleia de Deus
75 Só então no ano de 1918, a igreja no Brasil passa a denominar-se Igreja Evangélica Assembleia de Deus.
76 Dia 18 de janeiro de 1919, passa a circular o jornal Boa Semente, o primeiro órgão das Assembleias de Deus no Brasil, editado em Belém do Pará. Saiu de circulação em 1930, quando entra em circulação o atual Mensageiro da Paz.
77 Em 1920, Daniel Berg visita a Suécia quando conhece a jovem Sara com quem se casa em julho do mesmo ano. Em 1921 o casal retorna ao Brasil.
78 No ano de 1921 chega ao Brasil o sueco Nels Nelson, aos 26 anos de idade e solteiro. Considerado notável líder e único estrangeiro a naturalizar-se brasileiro. Seu filho Samuel Nelson mora no Pará e sua filha Ester, no Rio de Janeiro.
79 Em 1921, a igreja Assembleia de Deus passa a contar com o seu primeiro Hinário: o Cantor Pentecostal, composto de 44 hinos e 10 corinhos.
80 No ano de 1922, lançada por Adriano Nobre, a 1ª edição do hinário Harpa Cristã, que contava com 300 hinos. Inicialmente este hinário era confeccionado de forma artesanal.
Pioneiros não param
81 Em 1922 Daniel Berg segue para Vitória (ES) onde implanta a AD e permanece no Espírito Santo até 1924 e, depois, segue para Santos.
82 No ano de 1924, Rio de Janeiro, Gunnar Vingren muda definitivamente para a capital ao país, onde também atua como editor do jornal Mensageiro da Paz.
83 No Rio de Janeiro, quando Gunnar Vingren viajava, sua esposa Frida dirigia os cultos, auxiliada pelo então evangelista, saudoso Paulo Leivas Macalão, fundador do Ministério Madureira. Por determinado tempo da história da AD, Paulo Macalão (Rio) e Cícero Canuto de Lima (São Paulo), constituíram-se em liderança da igreja no Brasil, sempre em comum acordo e respeito mútuo.
84 Dia 5 de maio de 1924, início da AD em Santos, por meio de Hermínia-Vicente Lameira e Manoel Garcês e sua esposa, provenientes de Recife.
85 Em 1927, totalmente pela fé, o casal de missionários-pioneiros Sara-Daniel Berg e seu bandolim, muda-se para São Paulo. Sara confeccionava docinhos enquanto Daniel os vendia na rua. Foi a forma encontrada para a sobrevivência do casal.
86 15 de novembro de 1927, início da AD na capital paulista, com a cooperação do casal de missionários Linnea-Simon Lundgren, provenientes de Santos (SP). Saudoso missionário Simon, deixou uma linda história de sua atividade ministerial no país. Atualmente seu filho, pastor ‘João’ Lundgren figura como o único filho de missionário-pioneiro a presidir igreja. Ele é líder da AD em Caxias do Sul (RS) e tem como vice, o seu genro, o carismático amigo-pastor, Daniel Regis Cavalcante.
87 No dia 4 de março de 1928, três pessoas são batizadas na águas em São Paulo e no mês de abril, a matriz da AD paulista passou para a Avenida Celso Garcia, 1.209. Início da CGADB
88 Nos dias 17 e 18 de fevereiro de 1929, dá-se início à Convenção Geral das Assembleias de Deus com uma reunião preliminar em Natal, no Rio Grande do Norte.
89 De 5 a 10 setembro de 1930, em Natal (RN) ocorre a primeira Convenção Geral das Assembleias de Deus e a transmissão da liderança das ADs no Brasil, dos missionários suecos para os obreiros brasileiros.
90 Ainda em Natal, em 1930, a Convenção Geral decide pela paralisação dos jornais Boa Semente e Som Alegre, que circulavam no Pará e no Rio de Janeiro, respectivamente. Passa a circular como órgão oficial o jornal tablóide Mensageiro da Paz.
91 Junho de 1931, Gunnar Vingren lança no Rio, o hinário Saltério (Psaltério)Pentecostal, com 220 hinos. 92 Em 1932 ocorre a primeiro dissidência com a formação da Igreja de Cristo no Brasil, que no início teve o nome de Assembleia de Cristo no Brasil, nome mantido até 1937. Eles tinham hinos com ritmo próprio do Nordeste e um dos principais motivos da separação foi sobre interpretação do batismo no Espírito Santo.
93 Dia 15 de agosto 1932, Gunnar Vingren e família despedem-se da igreja no Rio de Janeiro e do Brasil e voltam à Suécia. A obra de suas mãos já estava completada.
94 No dia 29 de junho 1933, 22 anos após o início das Assembleias de Deus no Brasil e no mesmo mês, já doente e bastante debilitado, o pioneiro Gunnar Vingren, fora chamado à Glória, quando já estava na Suécia.
95 No ano de 1937 ocorrem os primeiros passos para a organização da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).
96 Em março de 1940, o Governo Getúlio Vargas exige que todos os órgãos de imprensa sejam registrados. Com a necessidade de registro o jornal Mensageiro da Paz, passou a constituir-se pessoa física e daí nasce a Casa Publicadora das Assembleias de Deus.
98 Ano de 1946: A CPAD passa a pertencer à Convenção Geral e dá-se início a campanha para aquisição de uma propriedade para a gráfica do Mensageiro da Paz. O jornal inicialmente fora registrado em nome do pastor Silvio Brito, irmão de Zélia de Brito Macalão, esposa do pastor Paulo Leivas Macalão. Leivas era filho do general João Maria Macalão.
98 Em 1956 foi lançada A Seara, primeira revista evangélica do Brasil, idealizada pelos pastores Augusto Costa, que foi chefe da Gráfica da CPAD e do saudoso literato Joanyr de Oliveira.
99 1958 outubro: O casal de missionários Ruth Dorris-João Kolenda Lemos fundam o Instituto Bíblico das Assembleias de Deus (Ibad), em Pindamonhangaba (SP).

100 Em 1963, Daniel Berg foi hospitalizado na Suécia e, mesmo no hospital, permanecia a evangelizar por meio da distribuição de folhetos e oração. A enfermeira tentou inutilmente impedi-lo, mas acabou desistindo e permitindo sua atuação, pois se sentia melhor com isso. Por fim, partiu para a Glória 1963, aos 79 anos de idade.
FONTE www.fronteirafinal.wordpress.com

 A ORIGEM DOS PENTECOSTAIS DA SEGUNDA ZERAÇÃO.

A partir de 1950 multiplicou-se o número de denominações pentecostais. Esse fato deve-se principalmente pelas incentivadas cruzadas nacionais de evangelização que percorreram todo o país. Usavam-se tendas como templos improvisado e grandes anúncios nas rádios da época. Esse período é conhecido como a segunda geração de pentecostais.



Foi assim que nasceu a IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR. Ela foi fundada no Brasil pelo missionário americano Harold Williams em 1953 na cidade de São Paulo. Foi inovadora em alguns pontos cruciais do pentecostalismo. Não eram tão intransigentes no uso da roupa e do cabelo como os assembleianos e os cristãs. Seus cultos eram ainda mais desorganizados que o de seus antecessores. Deixando a recomendação de Paulo em I Tm 2,8-13, atropelaram as escrituras e ordenam mulheres para o ministério, dando a estas o título de pastoras. Seus templos estão situados principalmente no Sul e Sudeste do país.

A febre do pentecostalismo estava a toda, nessa época. Em 1956 o ex-pastor assembleiano e depois quadrangular, Manuel de Melo, iniciou uma divisão nestas duas igrejas. Dessa divisão surgiu a IGREJA O BRASIL PARA CRISTO. Esta igreja foi um pouco mais rígida que a quadrangular e um pouco menos exigente que a Assembléia. Seu crescimento foi espantoso. Na época áurea de Manuel de Melo ele chegou a ordenar mais de trezentos pastores num só dia (a maioria ex-presbíteros da Assembléia de Deus). Chegaram a ter o maior templo protestante no Brasil na cidade de São Paulo. Seus programas de rádio eram largamente ouvidos em todo o país. Chegaram a ter mais de um milhão de membros. Na última pesquisa feita o número foi de 197.000. Com a morte do missionário o trabalho deixou de ter o crescimento expressivo que marcou o seu início. Tem perdido muitos membros para as divisões das assembléias e para os neopentecostais.

As igrejas pentecostais continuaram a rachar. Em 1960 surgiu a IGREJA NOVA VIDA no Rio de Janeiro. O missionário David Martins Miranda, que tem origem assembleiana, deixou-a e fundou a IGREJA DEUS É AMOR em 1962. Esta igreja ainda está em ascensão. Cresce muito entre a população mais carente do país. O fato de seu fundador e líder ainda estar vivo ajuda muito a sua propagação. Seus programas de rádio têm grande audiência na camada mais pobre, e principalmente, nos moradores da zona rural. Muito parelha a esta igreja em doutrinas e costumes a IGREJA SÓ O SENHOR É DEUS, que tem como fundador o missionário Miranda Leal (Que dizem ser primo de Davi Miranda). Esta igreja que tem a sua sede em Maringá, no Paraná, e seus templos, quando construídos por Miranda Leal, tem a forma de uma Arca, como a de Noé. Em 1964 surge A CASA DA BENÇÃO, fundada pelo missionário Doriel de Oliveira. É quase inexpressiva nas cidade de pequeno porte, mas é bem representada nos grandes centros. Esta igreja até hoje costuma usar tendas improvisadas como templos para iniciar seus trabalhos.


              OS NEO PENTECOSTAIS,NOVA ONDA DO PENTECOSTALISMO

fonte  Portal makenzie


Neopentecostalismo é o nome que se dá aos pentecostais da terceira geração. São assim chamados porque diferem muito dos pentecostais históricos e dos da segunda geração. Realmente é um novo pentecostalismo. Não se apegam à questão de roupas, de televisão, de costumes, e têm um jeito diferente de falar sobre Deus. Dualizam o mudo espiritual dividindo-o entre Deus e o Diabo. Para eles o mundo está completamente tomado por demônios, e é sua função expulsá-los. Pregam a prosperidade como meio de vida. Pobreza é coisa de Satanás. Doença só existe em quem não acredita em Deus e sua origem é o demônio. Seus cultos são sempre emotivos objetivando uma libertação do mundo satânico. Em muitos pontos pode-se dizer que suas doutrinas são bem parecidas com as doutrinas das religiões orientais, tais como Seicho-No-E, induísmo e budismo. Para eles o crente não pode sentir dor, ser pobre ou estar fraco.



Este movimento começou no início da década de setenta. Seu crescimento deve-se muito aos programas de rádio e televisão, nos quais, devido ao anúncio de curas e milagres, tiveram uma grande audiência. Seus ouvintes e telespectadores geralmente são recrutados para dentro de suas igrejas. O sistema de testemunho é forte, e isso certamente encoraja outros a tomar o mesmo caminho.

No Brasil a maior igreja neopentecostal é a UNIVERSAL DO REINO DE DEUS (IURD). Já conta com mais de dois mil templos em todo o Brasil e é a terceira maior igreja evangélica do país, ficando atrás apenas da Assembléia e da Cristã. Fundada em 1977 pelo bispo Edir Macedo, tem procurado estabelecer um sistema episcopal como o católico. Possui um forte esquema de comunicação, que é sem dúvida o fator de peso na divulgação e crescimento de seus trabalhos.

Depois da Universal a maior igreja neopentecostal no Brasil é a IGREJA INTERNACIONAL DA GRAÇA. Esta igreja foi fundada em 1980 pelo missionário R. R. Soares no Rio de Janeiro. Na intenção de imitar o trabalho de Kenneth Hagen (um dos maiores apresentadores de igrejas televisionadas dos EUA), Soares investe muito na apresentação de seus programas. Outra Igreja forte no ramo neopentecostal é a RENASCER EM CRISTO, que trabalha principalmente com a camada alta da sociedade. Há pouco tempo quase comprou uma rede de Televisão. A tendência é crescer. Seu fundador se autodeclarou "apóstolo".                

A terceira onda histórica do pentecostalismo brasileiro começou no final dos anos 70 e ganhou força na década de 80. Sua representante máxima é a Igreja Universal do Reino de Deus (1977), mas existem outros grupos expressivos como a Igreja Internacional da Graça de Deus (1980), as Comunidades Evangélicas, Igreja Renascer em Cristo, Comunidade Sara Nossa Terra, etc. Segundo Paul Freston, essas igrejas representam “uma atualização inovadora da inserção social e do leque de possibilidades teológicas, litúrgicas, éticas e estéticas do pentecostalismo”. A terceira onda começou após a modernização autoritária do país, principalmente na área das comunicações, quando a urbanização já atingia dois terços da população, o milagre econômico estava exaurido e iniciava-se a “década perdida” dos anos 80. A onda começou e se firmou no Rio de Janeiro economicamente decadente, com sua violência, máfias de jogo e política populista. O novo pentecostalismo, também denominado “pentecostalismo autônomo” por alguns estudiosos, adaptou-se facilmente à cultura urbana influenciada pela televisão e pela ética da nova geração. Uma das características do movimento é o uso inteligente dos meios de comunicação de massa, nacionalizando um pentecostalismo bem-sucedido nos Estados Unidos.
Uma importante precursora dos grupos neopentecostais foi a Igreja de Nova Vida, fundada pelo canadense Robert McAlister, que rompeu com a Assembléia de Deus em 1960. A Nova Vida foi pioneira de um pentecostalismo de classe média, menos legalista, e investiu fortemente na mídia. Foi também a primeira igreja pentecostal a adotar o episcopado no Brasil. Sua maior contribuição foi ter sido um “estágio” para futuros líderes. Trabalhou com homens um pouco mais cultos e conhecedores do mundo que os líderes da primeira e segunda ondas, e sugeriu-lhes um modelo pentecostal mais culturalmente solto. Deu-lhes também uma formação indispensável para que se tornassem independentes: segundo um ex-pastor, “a primeira coisa que aprendi na Nova Vida foi como levantar uma boa oferta”. Em sintonia com isso, a mensagem devia ser sempre positiva. Era o transplante do que havia de mais recente na religião americana, no estilo dos novos pregadores televisivos. A Vida Nova foi berço de três grupos da terceira onda: a IURD, a Igreja Internacional da Graça de Deus (fundada por Romildo R. Soares, cunhado de Edir Macedo, após um cisma na IURD) e a Igreja Cristo Vive.

Uma influência significativa na Igreja de Vida Nova e no surgimento do movimento neopentecostal como um todo foi a incipiente renovação carismática norte-americana. Esse movimento surgiu de modo distinto no início dos anos 60 com a ocorrência de fenômenos pentecostais fora das estruturas denominacionais do pentecostalismo clássico, ou seja, nas chamadas igrejas históricas e em grupos não denominacionais. No Brasil, a chamada “renovação” produziu divisões em quase todas as igrejas históricas, com a criação de grupos como a Igreja Batista Nacional, a Igreja Metodista Wesleyana e a Igreja Presbiteriana Renovada. Para tornar esse quadro ainda mais complexo, os anos 60 também testemunharam o aparecimento da “renovação carismática católica”, que, apesar de uma relação nem sempre fácil com a hierarquia, tem adquirido crescente visibilidade em anos recentes. Em contraste com o pentecostalismo clássico, o movimento carismático, seja em sua modalidade evangélica ou católica, tem atraído principalmente pessoas de classe média, daí a sua maior preocupação com o decoro e a respeitabilidade do que se vê nos grupos populares.

Ao lado das manifestações espirituais extraordinárias como glossolália, curas, profecias e exorcismo, os carismáticos e neopentecostais brasileiros caracterizam-se por uma forte ênfase na “teologia da prosperidade,” outra influência norte-americana, difundida por líderes como Kenneth Hagin e Benny Hinn. Este tem sido um dos principais elementos do maior fenômeno ocorrido no protestantismo brasileiro nas últimas décadas: a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).[19] A igreja foi fundada por Edir Macedo (nascido em 1944), filho de um comerciante fluminense. Macedo trabalhou por 16 anos na Loteria do Estado do Rio de Janeiro, período em que subiu de contínuo até um cargo administrativo. De origem católica, ele ingressou na Igreja de Nova Vida na adolescência, deixando essa igreja para fundar a sua própria, inicialmente denominada Igreja da Bênção. Em 1977, deixou o emprego público para dedicar-se integralmente ao trabalho religioso. Nesse mesmo ano surgiu o nome Igreja Universal do Reino de Deus e o primeiro programa de rádio. Macedo residiu nos Estados Unidos de 1986 a 1989. Quando retornou ao Brasil, transferiu a sede da igreja para São Paulo e adquiriu a Rede Record. Em 1990, a IURD elegeu três deputados federais. Macedo esteve preso por doze dias em 1992, sob a acusação de estelionato, charlatanismo e curandeirismo.[20] O acontecimento que deu maior publicidade à IURD nos últimos anos foi o episódio do “chute na santa,” quando, em um programa de televisão transmitido em 12 de outubro de 1995, o bispo Sergio von Helde referiu-se de modo desairoso à virgem Maria, dando alguns chutes numa imagem da mesma.

Outro grupo neopentecostal que também dá grande ênfase à teologia da prosperidade e tem despertado muito atenção da imprensa nos últimos meses é a Igreja Renascer em Cristo, fundada em 1985 pelo “apóstolo” Estevam Hernandes e sua esposa, a bispa ou “episcopisa” Sônia Hernandes. À semelhança de outros líderes pentecostais, Estevam teve uma origem humilde como filho de um jardineiro de cemitério e começou a trabalhar aos 7 anos, fazendo carreto em feiras livres. Mais tarde, desiludido com o catolicismo, filiou-se a uma igreja pentecostal, onde conheceu a futura esposa. Sete anos depois, casaram-se e decidiram fundar sua própria igreja, que hoje conta com cerca de 50 mil fiéis e mais de 200 templos.À semelhança dos pastores da IURD, o casal Hernandes tem grande habilidade em conseguir contribuições dos fiéis; todavia, ao contrário de Edir Macedo, ostenta com orgulho sinais de riqueza, como roupas caras, jóias e automóveis importados. O casal é proprietário da rentável Rede Gospel de Comunicação e procurou assumir o controle da Rede Manchete de televisão.

Devido às suas características intrínsecas e à sua capacidade de adaptação às necessidades e expectativas de vastos setores da população brasileira, o movimento neopentecostal está longe de perder o seu ímpeto. É possível que surjam novos segmentos e os antigos grupos tomem rumos ainda insuspeitados.

2. Características do neopentecostalismo
Obviamente, o neopentecostalismo ou “pentecostalismo autônomo” partilha das mesmas convicções, valores e práticas do pentecostalismo clássico: ênfase nos dons espirituais, especialmente os mais extraordinários (línguas, profecias, curas); forte emotividade, especialmente nos cultos; ênfase à pessoa e atividade do Espírito Santo; valorização da figura do líder (o “ungido do Senhor”); preocupação constante com as forças do mal; e grande ênfase ao conceito de “poder.”

Todavia, os grupos neopentecostais distinguem-se da sua matriz ou por darem uma ênfase incomum a determinados aspectos da herança pentecostal (por exemplo, curas, revelações e exorcismo), ou por adotarem novas idéias e práticas, muitas delas provindas dos Estados Unidos (como batalha espiritual, o “evangelho” da prosperidade, maldição hereditária e assim por diante). Aliás, um dos traços mais marcantes do neopentecostalismo é sua criatividade, sua capacidade de inovação. No esforço de manter o interesse dos fiéis e evitar a rotina, continuamente são apresentados novos slogans, ensinos e práticas. O melhor exemplo é a Igreja Universal do Reino de Deus, com suas correntes de oração e suas campanhas de prosperidade (por exemplo, a “fogueira santa de Israel”).

É curioso como a América do Norte continua a ser a fonte de inspiração para os neopentecostais brasileiros, assim como o foi e continua sendo para os pentecostais clássicos. Autores e pregadores como Kenneth Hagin, Morris Cerullo e Benny Hinn têm exercido poderosa influência através dos seus livros, vídeos, programas de televisão e visitas ao Brasil. Benny Hinn tem sido especialmente influente por encarnar alguns dos valores mais apreciados em muitos círculos neopentecostais, como o sucesso e a prosperidade, apesar de muitos de seus ensinos serem questionados por diferentes observadores. Há alguns anos os fenômenos ocorridos na famosa Igreja do Aeroporto de Toronto, no Canadá, também despertaram enorme curiosidade e desejo de imitação. Essa igreja inicialmente estava filiada ao ministério Vineyard, fundado por John Wimber na Califórnia, sendo depois desligada do mesmo devido aos seus excessos. A chamada “bênção de Toronto” incluía práticas como gargalhadas incontroláveis (o “riso santo”), cair no Espírito, ficar estendido no carpete, emitir sons de animais (urros, latidos), tudo supostamente como conseqüência da presença do Espírito Santo.

Vejamos de modo mais específico algumas características neopentecostais nas áreas doutrinária e prática.

2.1. Atitude quanto às Escrituras

A questão básica, da qual decorrem todas as demais, tem a ver com o lugar ocupado pelas Escrituras na teologia das igrejas neopentecostais. Três fatores, entre outros, contribuem para tornar relativo o valor das Escrituras em muitas igrejas:

(a) A ênfase na experiência: quando a experiência pessoal se torna um critério de verdade, a Escritura tende a ficar em segundo plano; se, por exemplo, uma determinada prática produz resultados ou faz a pessoa sentir-se bem, isso é o que importa.

(b) O apelo a revelações: obviamente, se alguém acredita que Deus continua a revelar-se de maneira direta, imediata, isso tende a relativizar as Escrituras; elas não mais são a revelação final de Deus, a única regra de fé e prática para o crente. Quando um pregador diz “o Senhor me revelou ou o Senhor me mostrou isso ou aquilo”, tudo pode acontecer, e é proibido questionar, pois é palavra do Senhor.

(c) Uso questionável das Escrituras: quando as Escrituras são utilizadas, muitas vezes isso é acompanhado de interpretações tendenciosas, uso seletivo de certas passagens ou ênfases inadequadas. Muitos ensinos e práticas neopentecostais têm alguma fundamentação bíblica, mas recebem uma ênfase muito maior do que se vê nas próprias Escrituras, no ensino de Cristo e dos apóstolos ou na prática da igreja primitiva. Veremos adiante alguns exemplos disso.

Nesse aspecto, os reformadores do século 16 têm muito a nos ensinar:

Em primeiro lugar, com o seu princípio fundamental de “sola Scriptura”. Ou seja, reagindo contra as tradições extrabíblicas do catolicismo medieval, os reformadores afirmaram que somente a Escritura deve ser a norma, o padrão de fé e de conduta para o cristão. Tudo o que não está de acordo com as Escrituras ou que não pode ser claramente fundamentado nelas, deve ser firmemente rejeitado.

Em segundo lugar, através de princípios saudáveis e equilibrados de interpretação bíblica: não isolar o texto do seu contexto, considerar o que a Bíblia inteira diz acerca de um determinado assunto (a “analogia da Escritura”), levar em conta as circunstâncias em que o texto ou livro foi escrito e a intenção original do autor (método histórico-gramatical).

Em terceiro lugar, mostrando que não se deve fazer separação entre o Espírito e a Palavra. Sendo o Espírito Santo o autor último das Escrituras, ele não pode dizer uma coisa na Bíblia e outra coisa através de revelações especiais que conflitam com a Escritura. Por exemplo, ele não pode dizer na Bíblia que ninguém sabe o dia da volta de Cristo e depois revelar a alguém que Cristo vai voltar no ano tal e tal.

Neste último ponto, Calvino foi muito enfático em suas Institutas (Livro I, Capítulo IX), ao condenar os “entusiastas” ou “libertinos” que queriam chegar a Deus por outros meios que não as Escrituras. O reformador aponta para a reverência demonstrada pelos primeiros cristãos para com a Escritura e mostra a contínua importância, necessidade e validade da Palavra de Deus escrita (2 Tm 3.16-17). O Espírito Santo foi enviado, não para revelar coisas novas, mas para lembrar aos cristãos o que Cristo havia ensinado (Jo 14.26). Qualquer “revelação” que vá além do evangelho bíblico deve ser rejeitada como mentirosa (Gl 1.6-9). O Espírito Santo sempre atua em consonância com as Escrituras, que dele provêm. Por outro lado, é o testemunho interno do Espírito que nos permite reconhecer a Escritura como Palavra de Deus e experimentar a sua eficácia.

2.2 Ensinos e práticas

Vejamos alguns ensinos e práticas neopentecostais que revelam um entendimento equivocado das Escrituras ou ênfases incompatíveis com as mesmas. É importante lembrar que nem todas as igrejas apresentam as mesmas ênfases.

(a) Confissão positiva: esse ensino também é conhecido como “palavra da fé”. Segundo o mesmo, se o cristão crê firmemente em algo e o declara de modo convicto e explícito, aquilo que ele confessa irá acontecer, pelo poder da fé. Assim, a fé é vista como um poder que tem eficácia em si mesmo. A idéia é que Deus já nos deu as suas bênçãos, as suas promessas. A única coisa que temos a fazer é nos apropriar das mesmas, pela fé. A fé libera o poder e as bênçãos de Deus. Sem essa fé, Deus nada pode fazer. E o que ativa essa força ou poder da fé são as palavras. Se alguém fala palavras de fé, obtém bons resultados e vice-versa (confissão positiva ou negativa). Tudo o que nos acontece é conseqüência direta das nossas palavras. (Esses ensinos foram emitidos por autores como Kenneth Copeland e Kenneth Hagin.)[24]

Esse conceito faz da fé e das palavras de fé algo mágico, supersticioso, como um talismã. A Escritura ensina que a fé é um dom de Deus e que Deus atua e abençoa mediante a fé ou independentemente dela, como Senhor que é. Por outro lado, fé não significa força ou poder, mas uma atitude de confiança e dependência de Deus.

Associada com a confissão positiva está a idéia de posse, herança, como nas palavras de um conhecido corinho: “Tudo que o Senhor conquistou na cruz, é direito nosso, é nossa herança”. Assim, o crente deve “exigir” que Deus conceda as bênçãos e cumpra as promessas. Com isso, o relacionamento com Deus deixa de ser baseado na sua livre e soberana graça para concentrar-se em direitos e exigências.

(b) Saúde e prosperidade: essa é outra criação norte-americana que tem exercido um fascínio tremendo em um país carente de recursos como o Brasil. Na realidade, essa ênfase está mais de acordo com os valores da cultura americana do que com os valores do evangelho. Certamente Deus promete bênçãos materiais aos seus filhos, entre as quais se incluem saúde física e prosperidade financeira. Todavia, isso nunca foi uma parte central da mensagem pregada por Cristo ou pelos apóstolos. Esses temas nunca tiveram nos ensinos e na pregação deles o destaque que ocupa no culto e na vida de tantas igrejas modernas.

Um dos aspectos mais preocupantes é a insistência unilateral em bênçãos materiais, muitas vezes em detrimento de saúde e prosperidade na vida espiritual, no relacionamento com Deus, na vida emocional, nas relações familiares, na vida comunitária. Essa preocupação materialista e individualista casa-se muito bem com os interesses da sociedade de consumo, mas não com o evangelho que nos conclama a repartir, a ser solidários com os outros, que nos convida a amar a Deus pelo que Deus é, independentemente do que ele possa nos dar.

A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) é a que mais se destaca nessa área, pois que toda a sua atividade gira em torno do trinômio exorcismo-cura-prosperidade. Daí vermos, pela TV ou em outros ambientes, cenas desagradáveis de pregadores que condicionam o recebimento de bênçãos à entrega das maiores ofertas possíveis, ou, como costumam dizer, ao “sacrifício” dos fiéis. Esse não é o evangelho da graça anunciado por Cristo e pregado pela igreja apostólica, um evangelho que não se baseia em merecimentos humanos ou conquistas humanas, mas que se fundamenta no amor de Deus oferecido gratuitamente em Cristo. (“De graça recebestes, de graça daí” – Mt 10.8b; ver 1 Co 2.12). Jesus ensinou claramente os seus discípulos a não buscarem prioritariamente bênçãos materiais, e sim a buscarem em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, “e todas estas coisas [alimento, vestes, saúde] vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).

(c) Batalha espiritual:dentre as várias correntes de batalha espiritual, uma das mais populares no Brasil é aquela liderada por C. Peter Wagner, diretor e professor da Escola de Missões Mundiais do Seminário Fuller, na Califórnia. Wagner é também um dos principais expoentes do “movimento do crescimento da igreja”. Um ensino característico dessa corrente é a noção de “espíritos territoriais”, isto é, demônios que mantêm determinadas regiões geográficas sob o domínio da incredulidade e do pecado. No Brasil, uma das principais divulgadoras dessas idéias é a autora Neuza Itioka, que já escreveu vários livros sobre o assunto.

A batalha espiritual vê a realidade acima de tudo em termos de um conflito mortal entre Deus e o maligno, tendo como campo de batalha o mundo e as vidas dos crentes. Deus passa a ser visto como um Deus guerreiro, um “homem de guerra”, e existe um grande número de corinhos que explora essa temática. Com muita freqüência essa questão é abordada em termos triunfalistas: como o Senhor está ao nosso lado, ninguém pode conosco, nenhum mal nos atingirá, como afirmam certos versículos dos Salmos e outros livros. Nos últimos anos, incorporaram-se ao vocabulário evangélico certas expressões que antes nunca haviam sido usadas pelos crentes: “Eu repreendo isso ou aquilo” ou “Está amarrado em nome de Jesus”.

Novamente, o problema com esse ensino não é o seu caráter extrabíblico. A Escritura certamente fala, e muito, sobre o conflito entre Deus (e seus filhos) e as hostes do mal, como na conhecida passagem de Efésios 6.10-20. O problema está em certas implicações ou conclusões, nem sempre fundamentadas de modo claro nas Escrituras, mas derivadas da imaginação fértil dos autores. Alguns exemplos: demônios territoriais, cristãos possuídos pelo demônio, demônios com nomes fantasiosos, demônios coloridos ou mal-cheirosos e assim por diante. Nada disso é apoiado pelas Escrituras.

Outra tendência preocupante é relacionar todo problema ou pecado com algum demônio. Se a pessoa é preguiçosa, está possuída ou influenciada pelo demônio da preguiça; se é ansiosa ou depressiva, está sob a influência do demônio da depressão. Daí a preocupação em expulsar ou em amarrar demônios a torto e a direto. Esses ensinos, que muitas vezes não passam de meras opiniões, deixam de levar em conta o ensino bíblico de que vivemos em um mundo decaído, que sofre as conseqüências do pecado e do juízo de Deus contra o mesmo. Nem todo “mal” vem do demônio: há males que decorrem das nossas limitações, das circunstâncias do mundo (catástrofes naturais, por exemplo, que atingem tanto crentes quanto descrentes) e o próprio Deus pode enviar males com propósitos de juízo ou de disciplina (Is 45.7; Hb 12.4-13).

A preocupação desmedida com as forças malignas não reflete o ensino equilibrado das Escrituras, cria temores desnecessários nas pessoas e pode ser um instrumento de manipulação emocional. Por outro lado, pode minimizar a responsabilidade individual ou coletiva por muitos pecados e erros: é mais fácil justificar certas coisas atribuindo-as à ação do inimigo. A obsessão pelo diabo também pode obscurecer a glória de Deus. Ainda que o maligno seja poderoso, ele não é todo-poderoso, como às vezes se imagina. Somente Deus é o Senhor supremo de todas as coisas. O próprio demônio está debaixo da sua autoridade.

Certamente, não devemos subestimar as forças espirituais do mal. O Senhor mesmo nos ensinou a orar: “Livra-nos do mal”. Mas nessa luta temos de usar as armas oferecidas pelo próprio Deus e não os artifícios humanos e as práticas supersticiosas que têm sido apregoados por tantos.

(d) Maldição hereditária: essa é outra área de sérias distorções. Toma-se um texto isolado como Êxodo 20.5, onde Deus afirma que castiga a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta gerações, e se constrói toda uma doutrina a partir daí, uma doutrina que nunca foi ensinada por Cristo e pelos apóstolos. Para a libertação ou quebra da maldição seria necessário fazer uma árvore genealógica da família, identificar as pragas, maldições, pecados e pactos com demônios feitos pelos antepassados e anulá-los, quebrando-os e rejeitando-os em nome de Jesus Cristo.

Porém, qual é o ensino mais amplo das Escrituras sobre o assunto? Se é verdade que os pecados de uma geração podem ter sérias conseqüências para os seus descendentes, existem outras passagens sobre o assunto que devem ser levadas em consideração. É o caso de Ezequiel 18, em que Deus mostra que a responsabilidade moral é pessoal e individual: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai...” (vv. 4b, 20). Pela conversão e retidão de vida, o indivíduo está livre da “maldição” dos pecados de seus antepassados (vv. 14-19). O segundo mandamento (Êxodo 20.5) prevê a visitação do juízo divino sobre os descendentes de ímpios que também aborrecem a Deus como seus pais. Além disso, o Novo Testamento nos ensina que Cristo resgatou os crentes da maldição da lei (Cl 2.13-15; Gl 3.13) e que nenhuma condenação resta para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1).

Isso nos leva a um outro ponto importante, que é a tendência de muitos neopentecostais de tirarem conclusões apressadas de passagens do Antigo Testamento, sem procurar entendê-las à luz da revelação mais plena de Deus em Jesus Cristo e no Novo Testamento. É preciso lembrar sempre que o Novo Testamento é a chave para a interpretação do Antigo. Como Jesus disse: “Ouvistes que foi dito aos antigos... eu, porém, vos digo...”.

(e) Exorcismos: a maneira como a expulsão de demônios é praticada em muitas igrejas ou mesmo em programas de televisão soa muito estranha à luz do ensino bíblico sobre a matéria. Jesus ocasionalmente expulsou demônios e o mesmo fizeram os apóstolos. Em igrejas como a IURD e outras, os exorcismos são parte regular dos cultos, recebendo uma ênfase totalmente desproporcional à sua importância. Novamente repete-se o mesmo padrão: toma-se um ensino ou elemento bíblico e dá-se a ele uma ênfase muito maior do que a encontrada nas próprias Escrituras.

Não raro, as sessões de exorcismo transformam-se em verdadeiros shows cheios de teatralidade, com a finalidade de impressionar o auditório. Os exorcistas dialogam com o “demônio”, brincam com ele e submetem a pessoa possessa a grandes humilhações, expondo o seu sofrimento diante de todos. Curiosamente, a maior parte das pessoas possessas pertence ao sexo feminino, como se as mulheres fossem mais pecadoras ou mais frágeis espiritualmente que os homens.

(f) Profecias: outra prática comum de certos grupos neopentecostais são as profecias, supostamente recebidas mediante revelações. Com freqüência, tais profecias expressam meros desejos ou expectativas do “profeta” em relação a uma pessoa ou grupo, mas são proferidas em tom dogmático, como se fossem tão inspiradas quanto a Bíblia. Muitas vezes, as profecias não se cumprem, os seja, são falsas profecias, o que faz de seus anunciadores falsos profetas, mas ninguém se lembra de pedir desculpas, de reconhecer que errou, que não estava falando a palavra do Senhor.

Em seu livro Evangélicos em crise, Paulo Romeiro cita uma profecia feita por Benny Hinn no dia 16 de março de 1994, quando falava na Igreja Renascer, em São Paulo.[26] Ele começou, dizendo: “O Deus Todo-Poderoso está me dizendo que esta cidade de São Paulo vai se dobrar ao nome de Jesus”. A seguir, ele afirmou que brevemente ocorreria a destruição dos poderes satânicos que controlavam a cidade e que dentro de seis meses a atmosfera espiritual de São Paulo iria começar a mudar. Como prova disso uma mulher muito conhecida, que estava enfeitiçando milhares de pessoas, iria morrer. Líderes políticos nasceriam de novo. Dentro de dois anos (1996), os crentes iriam dizer: “Deus tem feito grandes coisas”. Por fim, ele afirmou que Deus iria usar Estevam Hernandes para ser uma influência poderosa sobre os líderes políticos do Brasil, e concluiu: “Marquem minhas palavras. Não é Benny Hinn quem está falando. Assim diz o Senhor!”

Uma área em que as profecias continuam se multiplicando, apesar dos repetidos malogros de predições anteriores, diz respeito à data da volta de Cristo. Isso ocorreu de modo especial ao aproximar-se o ano 2000. Paulo Romeiro também narra as afirmações feitas pela conhecida pastora Valnice Milhomens no programa “Palavra da Fé”, transmitido em 1990 pela Rede Bandeirantes.[27] Ela afirmou inicialmente: “Deus reservou para nossa geração a plenitude de todas as coisas... Esta é a geração que verá cada palavra que está escrita na profecia vindo ao seu cumprimento. Nos próximos dez anos haverá mais profecias se cumprindo do que em todos os anos passados”. A seguir, apelando para várias revelações e fazendo uma série de cálculos aritméticos, ela concluiu que tudo se cumprirá na presente geração (40 anos), que começou em 1967 e terminará no ano 2007.

(g) Questões éticas: outra área que tem gerado preocupação quanto a algumas igrejas e líderes neopentecostais refere-se ao aspecto ético. É claro que todo e qualquer cristão está sujeito a cair, a cometer erros de maior ou menor gravidade. Todavia, certas práticas são difíceis de justificar à luz dos padrões bíblicos. Alguns exemplos: (1) Área financeira: existem igrejas e ministérios que não são transparentes quanto à maneira como recolhem e gastam as contribuições dos fiéis. Há alguns anos atrás, nos Estados Unidos, houve alguns casos notórios de desonestidade que resultaram até na prisão de um conhecido líder carismático, Jim Baker. Um caso famoso de chantagem na área financeira foi protagonizado pelo conhecido evangelista Oral Roberts. Será que no Brasil seria diferente? As práticas da IURD e o estilo de vida do casal Hernandes não têm contribuído para projetar uma boa imagem dos evangélicos junto à sociedade brasileira. (2) Área política: o crescente envolvimento dos neopentecostais com a política partidária não tem sido salutar para o testemunho evangélico em nosso país. Apesar do discurso de defesa dos interesses da comunidade evangélica ou da sociedade em geral, o que provavelmente está em vista é a defesa de agendas bem mais específicas e menos edificantes. Os precedentes nessa área não são nada animadores, como a troca de votos por concessões de rádio na época do presidente Sarney e a triste participação de evangélicos nas falcatruas do orçamento do Congresso, há alguns anos. (3) Área moral: o culto à personalidade que caracteriza certos movimentos e a noção de que não se pode tocar no “ungido do Senhor,” abre as portas para que certos líderes caiam em pecado e continuem a encontrar seguidores.

Muito mais poderia ser dito sobre o movimento neopentecostal. Estes são apenas alguns pontos salientes, que obviamente não esgotam o assunto. Por uma questão de justiça, é preciso reconhecer que há muitos pastores, crentes e igrejas neopentecostais que são íntegros, bem-intencionados e fiéis ao Senhor. Esses irmãos têm sido instrumentos para a conversão e transformação de vidas de milhares de brasileiros, muitos deles anteriormente escravizados pelos vícios, vivendo em miséria e violência. Um número incontável de pessoas tem encontrado nas igrejas pentecostais e neopentecostais um ambiente de calor humano, dignidade e valorização pessoal que jamais haviam experimentado até então. As igrejas neopentecostais têm trabalhado entre grupos não alcançados pelas igrejas tradicionais: de um lado, favelados, viciados, aidéticos, presidiários e outras pessoas marginalizadas; de outro lado, atletas, artistas e outros grupos mais elevados na escala social. Todavia, por mais que admiremos estes elementos positivos e sejamos gratos a Deus por eles, não podemos fechar os olhos para os aspectos preocupantes apontados anteriormente.

Há 250 anos viveu nos Estados Unidos o notável servo de Deus que foi Jonathan Edwards (1703-1758).[28] Um legítimo descendente dos puritanos, esse pastor e teólogo calvinista foi um dos instrumentos do Grande Despertamento ocorrido nas décadas de 1730 e 1740. Edwards foi um atento observador e crítico desse grande reavivamento, deixando suas impressões nos diversos livros que escreveu sobre o assunto. Ele constatou que o avivamento tinha aspectos positivos e negativos. De um lado, conversões, consagração de vidas, mudanças nos relacionamentos, atuação social; de outro lado, emocionalismo exacerbado, superficialidade, manipulação por pregadores inescrupulosos, atração por fenômenos espetaculares. Ele mesmo e a sua esposa tiveram experiências que consideraríamos incomuns. Sua conclusão geral sobre o assunto é que existem certos sinais, evidências ou frutos visíveis que demonstram se uma determinada experiência religiosa é genuína ou não: convicção de pecado, seriedade nas coisas espirituais, preocupação com a glória de Deus, apego às Escrituras, mudança no comportamento ético, relações pessoais transformadas e influência regeneradora na comunidade.


Portanto, o que se espera de nós, crentes presbiterianos, herdeiros da tradição reformada, diante do desafio do neopentecostalismo, é uma posição de equilíbrio e coerência, procurando aprender com o que as novas igrejas têm de positivo e saudável, mas rejeitando firmemente, com base nas Escrituras e na fé cristã histórica, os desvios, os exageros, as distorções humanas.


                           AS DIVISÕES DO PENTECOSTALISMO

Os pentecostais alegam que o aparecimento do Espírito Santo dentro das igrejas surgiu como resposta de Deus ao modernismo teológico (MP pg 04, 06-96). Quer dizer que o Espírito Santo tinha sumido das igrejas por quase dois mil anos? Poucos sabem, quando afirmam uma coisa dessas, que quando os pentecostais estavam renovando os trabalhos batistas no começo do século, estes mesmo "crentes frios", estavam dando suas vidas em campos missionários de todo o mundo. Antes de dividir as igrejas de Jesus seria bom que lessem Provérbios 6,19.


OS BATISTAS RENOVADOS

A renovação das Igrejas Batistas no Brasil como denominação começou no ano de 1958. Desde esta data até o ano de 1965, quando realmente houve a divisão, muitas reuniões foram feitas no intuito de evitar o racha nas igrejas batistas de todo Brasil.



O iniciador do movimento divisório nas igrejas batistas do Brasil foi um pastor da Igreja Batista de Vitória da Conquista chamado José Rego do Nascimento. Era um grande orador e logo conseguiu fazer fileiras e conquistar algumas pessoas de nome para o seu movimento. Foi o caso do pastor Enéias Tognini, pastor da Igreja Batista de Perdizes. Essa união de forças levou o caso a ser analisado várias vezes. Houve muitas reuniões de um comitê organizado para este fim, formado por 11 membros, buscando uma solução conciliadora para a questão pentecostal dentro das igrejas batistas. A decisão estabeleceu que: "A atuação do Espírito Santo na vida dos crentes, se faz através de um processo chamado santificação progressiva; que manifestações emotivas, por mais sinceras que sejam, não podem ser apresentadas como um padrão a ser seguido por todos; que a ênfase dada à doutrina do batismo no Espirito Santo tem causado reuniões barulhentas, carregadas de emocionalismo e provocado manifestações de orgulho espiritual, bem como proselitismo de crentes que não adotam tais idéias." Isso aconteceu em 1963.

Em 1965, ao realizar-se a Convenção em Niterói, com 3.035 mensageiros, as preocupações maiores era a grande Campanha de Evangelização marcada para o mesmo ano. No plenário mais uma vez surgiu o problema da renovação. O presidente vendo que isso atrapalharia a campanha pediu que a questão fosse resolvida no ano seguinte. Porém a intransigência dos reavivalistas foi tanta, que precisou ser resolvida naquela convenção. Decidiu-se então pela exclusão da comunhão as igrejas renovadas. Só naquele ano mais de trezentas igrejas se rebelaram e tiveram que ser excluídas. Juntas formaram uma convenção a qual denominaram CONVENÇÃO BATISTA NACIONAL. Assim, pela primeira vez, houve uma divisão entre os batistas brasileiros como um grupo.

 

OS CARISMÁTICOS

O movimento pentecostal iniciado em 1900 por Parhan conseguiu invadir todas as denominações antigas (batistas, presbiterianas, metodistas, etc.). Até então falar em línguas era para os pregadores pentecostais uma resposta de Deus condenando as denominações tradicionais. Todos os grupos renovados que saiam de suas igrejas originais condenavam os que não aceitavam o pentecostalismo. De repente o mundo pentecostal teve uma surpresa. Essa surpresa foi a chegada dos pentecostais católicos, ou CARISMÁTICOS.



No início de 1960 explodiu a mania carismática nas antigas denominações Episcopais da Califórnia. Seu líder principal foi Dennis Bennet de Van Nuys. Um discípulo dele, Jean Stone, espalhou o seu ensino através da revista Trinity entre os anos de 1961-66. Por esse mesmo período Larry Christensen liderou o avivamento carismático entre as igrejas luteranas nos E.U.A.

Em 1967 foi a vez da Igreja Católica Romana formar seu grupo de carismáticos. Tudo começou num retiro de Universitários na Universidade de Duquesne, Pittsbush. Houve muitos que falaram em línguas naquele retiro. O primeiro grande líder dos carismáticos Católicos parece ter sido Ralph Keifer. Em fevereiro de 1967 ele levou a mensagem carismática para a Universidade de Notre Dame, e muitos alunos e professores falaram em línguas.

De princípio tanto os pastores pentecostais, como padres católicos, condenaram o mais novo movimento pentecostal. Na verdade os padres até tinham uma certa razão, pois, era um ensino totalmente contrário às doutrinas do Vaticano. Já os pastores pentecostais condenavam mais por ciúme, afinal, a grande vantagem de falar em línguas, que foi a bandeira dos pentecostais por mais de seis décadas, estava agora na boca dos idólatras católicos. A diferença dos carismáticos com os pentecostais é: Primeiro que eles se renovam e permanecem nas suas próprias congregações, enquanto os pentecostais históricos dividiam as igrejas. Os carismáticos usualmente pertenciam à classe média, são separatistas, urbanizados, de tendência ecumênica e pluralistas em sua teologia. As igrejas pentecostais clássicas eram originalmente constituídas de operários e eram barulhentas em seus cultos. Na questão de barulho os carismáticos atuais já alcançaram seus primos pentecostais clássicos. Os carismáticos são idólatras e os pentecostais não. No demais são bem parecidos.

Os carismáticos católicos só conseguiram o agrado do Papa - não o aval - em 1975. Neste ano o movimento reuniu dez mil carismáticos em Roma. Num pronunciamento ecumênico o Papa Paulo falou simpaticamente à assembléia. Foi uma vitória ao movimento carismático. De princípio João Paulo II não aprovou muito o movimento. Mas atualmente ele é favorável, principalmente porque os carismáticos já se organizaram em quase todo o mundo, e no Brasil, que é o maior país Católico do mundo, o movimento está esparramado em quase todas as suas paróquias. Para dizer com mais sinceridade é o movimento carismático que está conseguindo deter o movimentos pentecostal e neopentecostal na América Latina, que aliás, é o grande reduto católico do mundo.


A grande pergunta é: Estavam certos os pentecostais de condenar o movimento tradicional? Que dizer de uma pessoa que acredita em purgatório, santos e imagens, cultos aos mortos, adoração de Maria, entre outras barbaridades, falar em línguas também? É preciso ter muito cuidado quando falamos desse assunto.

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